A apresentadora e empresária Mia Mamede, de 26 anos, ainda está processando seus primeiros dias . Ela foi a primeira capixaba eleita em 68 anos do concurso com a faixa de Miss ES e, no momento, está focada no Miss Universo, que o Brasil não vence desde 1968 com Martha Vasconcellos.

“Ainda não interagi nem com a minha família direito. Foco total nas preparações do que vem adiante. A gente não sabe se o Miss Universo vai ser agora em outubro ou em janeiro [de 2023], então realmente […] não temos tempo a perder”, conta a miss e empreendedora em conversa com Splash. Ela ainda falou brevemente sobre o confinamento, posicionamento político como miss, posições de liderança, educação e desejos no reinado.

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Poucos minutos após ser coroada, o público não deixou de ver a alegria exalante pelas demais colegas finalistas: Rebeca Portilho (2º lugar) do Amazonas; Isadora Murta (3º lugar) de Minas Gerais; Luana Lobo (4º lugar) do Ceará; e Alina Furtado (5º lugar) do Rio Grande do Sul. Todas foram abraçá-la de forma muito genuína.

“Desde a primeira noite que a gente se conheceu, a nossa amizade foi só crescendo […] e foi muito importante. Neste ano, ao invés da chegada ser logo do aeroporto, nos mandaram para outro hotel e falaram: esse dia não haverá câmeras, não haverá fotos, não haverá evento. É só para vocês chegarem, desfazer suas malas e se conhecerem. Nós cinco fomos para um quarto, sentamos numa cama, desconstruídas e nos conhecemos”, conta sobre a conexão com as colegas.

Mulheres em posição de liderança

Durante a etapa das respostas do Miss Brasil na última terça-feira (19), a jornalista e filantropa capixaba afirmou que quer incentivar mais mulheres em posição de liderança e que isso passa, inclusive, por mais presença feminina na política.

As cinco finalistas do Miss Universo Brasil 2022 na noite final do concurso em São Paulo Imagem: Reprodução/ YouTube/ Miss Universo Brasil

“Acredito muito na importância da liderança feminina. O que é poder? Poder é ter influência direta ou indireta sobre alguma coisa. O papel da miss é um papel com poder, com voz, com habilidade de influenciar. Eu vejo que com meu histórico, meu currículo, tenho vários exemplos de posições de liderança. Desde ser produtora na Globosat, a abrir minha própria produtora, e eu quero ser esse exemplo para outras jovens meninas”, explica Mia.

Quando falei sobre liderança feminina é porque o nosso olhar sempre é direcionado com mais frequência à nossa dor. Nós mulheres sabemos melhor quais são nossas dores e quais são os problemas da sociedade do que um homem. Isso é normal, o ser humano sempre tem seu olhar direcionado à sua dor. Por isso que precisamos ter mais mulheres [em lideranças e na política]. Mas não só mais mulheres, [é preciso] mais diversidade: precisamos ter pessoas de idades diferentes, gêneros diferentes, passados diferentes, raças, religiões e cantos diferentes do Brasil Mia Mamede

“Quanto mais diversidade em posições de liderança, melhor. Mais vamos criar uma sociedade com mais inclusão social e com menos desigualdade porque cada um vai saber sua dor e vai ajudar a construir as leis certas. Quando falo sobre isso eu não falo só no setor público. É setor público, privado e o terceiro setor. Precisamos de diversidade em todos os âmbitos”, complementa a recém-eleita Miss Brasil.

Clique exclusivo para Splash/UOL de Mia Mamede em ensaio no primeiro dia como Miss Brasil Imagem: Divulgação/ Gabriel Gardinni/ Miss Universo Brasil

‘Uma miss diplomática’

Desde que foi eleita Miss Brasil, Mia viu seu número de seguidores saltar para 130 mil, o que significa que ela atingiu novos públicos para além daquele que a acompanhava como Miss Espírito Santo e antes disso.

Em meio a um contexto de Brasil polarizado, Mia responde se ela está preparada para a cobrança de posicionamentos, principalmente agora com a chegada das eleições há pouco mais de dois meses e com as indicando os dois primeiros colocados como sendo o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente (PL).

Ela, entretanto, é cautelosa e explica como deve se portar nas redes como figura pública de impacto e voz ativa. “Para mim é muito simples lidar com isso e tem dois caminhos. Os dois eu respeito da mesma forma e têm seus bônus e ônus. A miss pode escolher ser uma miss política ou diplomática. Eu, durante o meu reinado, vou escolher ser uma miss diplomática”, indica.

Em seguida, ela justifica: “Posso ter a minha opinião como Mia Mamede, pessoa física. Mas como miss eu represento o Brasil e o povo brasileiro e a minha vontade é de unir, de juntar. Se a pessoa física se posiciona, eu só vou adicionar para essa polarização e não acredito que isso vá fortalecer a minha mensagem como miss”.

Não estou entrando com plataformas políticas. Estou entrando com toda uma plataforma de inclusão social, de juntar, agregar, incluir as pessoas. Falo muito da importância da educação, sobre empoderar as pessoas e criar oportunidades. Como é que vou trabalhar com esse lado, porque muitas vezes vou ter sim que trabalhar em uma ação com o governo. E para mim, quando eu trabalhar junto ao governo, eu não vou estar trabalhando para o presidente [vigente], vou estar trabalhando para o povo brasileiro Mia Mamede

Mia Mamede em ensaio no confinamento do Miss Universo Brasil 2022 Imagem: Divulgação/ Miss Universo Brasil

“Para mim, independente de quem estiver no cargo, e independente das minhas visões políticas, o meu papel como miss vem em primeiro lugar sobre o meu papel como cidadã, como pessoa física. Eu entendo que ser miss é servir, e a melhor forma que eu encontro de servir é ser uma miss diplomática”, ressalta novamente.

Ela preferiu não falar suas preferências políticas como sendo de esquerda ou direita, ou mais progressista ou conservadora. Como pessoa que trabalha no terceiro setor e é filantropa, tendo criado um cursinho online para ajudar estudantes no (Exame Nacional do Ensino Médio) e dar aulas de inglês na pandemia, isso poderia dar indícios dos seus pensamentos: “Gosto dos indícios que estou dando, vou deixar minhas ações falarem”.

Bandeira da educação

Mia não esconde o quanto a educação mudou sua vida na construção da sua carreira, principalmente durante os 16 anos que ela morou no exterior, graças às oportunidades que ela teve ao estudar nas melhores escolas quando criança e ter se formado na Universidade de Nova York.

“Pra mim a educação é aquela famosa frase: em vez de você dar o peixe você ensina o cidadão a pescar. Você dá essa independência pra ela [a pessoas]. Então a educação me proporcionou conhecimento, independência e força. Que foi toda a garra que eu precisei pra construir as oportunidades que eu tive na minha vida. E é isso que eu desejo pro outro”, afirmou ela sobre as bandeiras que defende, na primeira entrevista a Splash ainda antes de ser eleita.

Mia Mamede quando fez colação de grau na Universidade de Nova York, em 2019 Imagem: Reprodução/ Instagram @miamamede

Agora Miss Brasil, Mia explicou melhor o que quis dizer com a primeira frase, dando ênfase na questão educacional: “Educação é você ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. Dar o peixe é o assistencialismo e eu acredito que a educação é uma iniciativa de longo prazo, você não vê o resultado amanhã. Por exemplo, dar uma cesta básica é dar o peixe, você vê o resultado agora de imediato. A educação você vê o resultado a longo prazo”.

E ela está certa. A UnB (Universidade de Brasília) agitou o debate nacional em 2003 ao se tornar a primeira instituição federal do Brasil a adotar o sistema de cotas — — antes mesmo de virar lei, sob fortes críticas que envolveu até o (Supremo Tribunal Federal). .

Com a possibilidade de dúvidas sobre a interpretação de sua fala, a Miss Brasil 2022 é clara: “Eu nunca disse que era contra o assistencialismo, eu acho que é necessário a gente ter os dois [isso e a educação]. Mas como eu tenho que escolher um lugar para atuar, eu vi que a melhor forma para agregar é através da educação, porque é algo que tenho grande paixão e conexão. Acho importante a gente saber o que que a gente gosta e o que é bom, porque aí vamos fazer melhor fazer nosso trabalho. A sociedade precisa dos dois acontecendo, não podemos deixar a sociedade na mão”.

Como Miss Brasil 2022, Mia agora quer divulgar o País Imagem: Reprodução/ YouTube/ Miss Universo Brasil

Vontade de divulgar o Brasil

“Quando decidi voltar para o Brasil, o meu primeiro impulso foi de ‘quero mostrar para o mundo o que é o Brasil de verdade’. Aí eu pousei no Brasil e vi que aqui dentro o próprio brasileiro ainda não se conhecia. […] Quero usar a minha comunicação, habilidade com audiovisual e contar histórias, a parceria com a organização [Miss Universo Brasil] para como a gente pode divulgar a nossa diversidade dentro do próprio país”, revela Mia Mamede.

Inclusive, ela acredita que se o brasileiro conhecesse mais do Brasil e suas diferentes realidades, talvez a atual polarização existente não seria tão acentuada: “Nós nos conhecendo melhor, nos comunicando melhor, acho que pode até agregar um pouquinho para essa polarização”.

Por fim, ela compartilha uma situação que ela presenciou fora do Brasil em um país “de primeiro mundo” em que perguntaram se encontrariam bichos selvagens em plena São Paulo capital, uma das maiores metrópoles do planeta, numa grotesca confusão e desconhecimento acerca do tamanho do Brasil, já que a pessoa imaginou que a selva da Floresta Amazônica estaria dentro de uma megalópole.

A comunicação não está chegando corretamente lá fora. Não vou mudar tudo isso, mas se eu puder agregar e começar, vai ser muito legal. Mas aí você me diz: Mia, você conhece os 27 estados? Ainda não. Mas eu gostaria de conhecer todo [o Brasil] no meu reinado e visitar todos os estados. Conhecê-los junto com os brasileiros, levar uma equipe de divulgação, trabalhar junto com os estados para mostrar um pouquinho. Meu objetivo no reinado é esse, fazer com que você, junto comigo, possa conhecer melhor esse país Mia Mamede, capixaba eleita Miss Brasil 2022.

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